quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Bilinguismo no Brasil

Quer colocar seu filho numa escola bilíngüe?
Tire alguns minutos para refletir.  Texto no.01

Estou aqui matutando como começar esse texto sobre um assunto que para mim é tão importante uma vez que meu filho de três anos e 10 meses é bilíngüe e as decisões que temos de tomar como mães ou pais, como a escolha da escola, são muitas vezes tão importantes como difíceis de tomar.

Bem, permitam-me contar um pouco da minha história pessoal para que, de certa forma, possam até mesmo dar um pouco de crédito as minhas preocupações, idéias e opiniões.
Morei na Inglaterra por cinco anos e fui professora e coordenadora de cursos de inglês durante tantos outros. Desde a época em que meu filhinho era apenas um projetinho de bebê em meu ventre comecei a falar em Inglês com ele. O tempo passou, ele nasceu, passei a só falar com ele em Inglês. Num outro momento poderei falar das técnicas que utilizei para facilitar o processo. Ao completar dois anos chegou o momento de entrar para a pré-escola e é nesse momento que começo esse texto.

No caso do meu filho, nada mais natural que a opção por uma escolha bilíngüe. No caso de muitos outros pais uma escolha por uma proposta de alto valor agregado para o futuro de seus filhos.
Fique bem claro aqui a minha escolha da palavra proposta e não escolha. Sim, pois usar aqui a palavra escolha seria dizer eu estar a favor dela; quando na verdade, a proposta nem sempre condiz coma a prática.Oque me leva, novamente, a minha necessidade desse texto escrever: as dúvidas.

Comecemos do começo.

O bilingüismo é um fenômeno muito recente no Brasil e único. Único porque ele não se encaixa por completo em nenhum outro tipo de bilingüismo estudado e publicado mundo a fora. A literatura é vasta, entretanto sobre o caso do bilingüismo no Brasil estamos muito na base das conjecturas.
Gosto de descrevê-lo como um bilingüismo "forçado", pois diferentemente de diversos outros países onde ele é um fenômeno decorrente da necessidade de imigrantes estrangeiros de falar a língua do país onde se encontram, que é diferente da sua língua materna e geralmente falada em casa; no Brasil é uma língua a ser utilizada como veículo de comunicação apenas no ambiente escolar e não em sociedade, ressalvo casos onde um dos pais ou ambos não falem outras línguas com a criança.
O fenômeno é recente, dez, quinze vinte anos, no máximo. Entretanto, acredito eu, que veio para ficar. Já se mostra uma tendência tanto para  escolas de ensino fundamental e infantil como para escolas de idiomas. Ele surge como resposta a uma necessidade de um país, um mundo, cada vez mais globalizado, que quer uma maior quantidade de informação em muito menos tempo. Essa demanda vale tanto para a leitura e escuta dessas informações em outras línguas assim, bem como o próprio processo de aquisição do segundo idioma.

A PRIMEIRA DÚVIDA

Optar por uma escola bilíngüe ou uma internacional? Há diferença?
Sim, há!
Uma escola internacional segue um currículo internacional. Assim como calendários escolares e festivos também internacionais. Trabalha sob regime integral ou semi-integral (das 8:00 às 15:00). A cultura do país de origem da língua falada na escola sobrepõe-se ao ensino da cultura do país em que se encontra no nosso caso; o Brasil.
 A meu ver, ideal para filhos de estrangeiros ou brasileiros que têm a intenção de morar fora. Não têm o vestibular como parâmetro para a elaboração de seu programa curricular e seus respectivos conteúdos e nem sua avaliação.

Já a escola bilíngüe BRASILEIRA segue o currículo brasileiro (MEC) e calendários brasileiros. Oferece tanto a proposta de estudo durante apenas um único período, como também integral (esse muitas vezes opcional). Como segue currículo do MEC, visa a longo termo o vestibular. Difunde a cultura brasileira prioritariamente.
Optei por essa proposta.

O que é mais importante: Proposta pedagógica, qualidade do idioma falado pelos professores, valores ensinados pela escola, cultura difundida, estrutura física ou qualidade da PRATICA pedagógica? Acredite, infelizmente, algo você terá de abrir mão. Tentarei aqui, através de muita leitura que já fiz sobre o assunto e experiência como mãe e professora, lhes ajudar a fazer essa escolha da forma mais consciente possível. Para que, como no meu caso, aconteceu e acontece de suas expectativas você não frustrar.

Qualidade do inglês produzido pelas professoras - Condição Sine-qua-non.

Em minha opinião, um dos itens acima não é negociável. A qualidade do inglês falado pelas professoras é condição sine-qua-non uma vez que tantas outras escolas sequer levei em consideração por não serem bilíngües.  Eis onde mora o perigo.

Os cursos universitários  quer sejam Letras ou Pedagogia, cursos geralmente cobrados dos profissionais da área, não foram pensados para essa nova realidade. Não preparam seus futuros profissionais em termos de fluência e precisão no falar da segunda língua. Isso quando se quer os preparam, pois nem todos os cursos de pedagogia oferecem cadeiras de línguas estrangeiras.

1.    Procure assistir a uma aula, ouvir o inglês da professora (exposição a uma segunda língua falada de forma errada na infância, pode trazer inúmeros problemas na vida adulta). Se você não fala inglês, leve alguém com você que possa avaliar.
2.    Assistir também a uma aula da última turma em que seu filho nessa escola chegará.  Lembrar-se sempre que PROPOSTA é como promessa, nem sempre se cumpre na PRÁTICA.  O inglês que esses alunos puderem produzir será possivelmente o que o seu filho deverá conseguir não importando se as professoras sejam nativas ou não.
3.    Ao visitar, procurar escolher um dia da escola em funcionamento.
4.    Ouvir os alunos em sala de aula. Como é a produção oral deles? Lembre-se que temos de ser mais exigentes do que nunca no fator língua, uma vez que seu filho está deixando de ser exposto a um Português “perfeito” em detrimento de um segundo idioma.
Uma vez satisfeita com o nível de inglês falado pelas professoras e alunos, aí sim considero partir para a análise da proposta pedagógica.


Não podemos desperdiçar todo o potencial para o desenvolvimento da linguagem de nossos pequenos (que tem seu auge em torno dos 3 ou 4 anos de idade) expondo-os a uma língua estrangeira falada de forma errada, em detrimento da exposição de um Português de qualidade.  Seria desperdício de potencial infantil e dinheiro! Pensem nisso. - Pensamento meu, ultimamente muito persistente ao avaliar o progresso de meu filho na escola.
Uma vez esclarecida qual a proposta pedagógica, não esqueçamos de questionar valores para nós importantes. Pais e escola partilham desses valores? Estão em sintonia? Esse foi o motivo da saida do meu filho da primeira escola.


Qual o conteúdo programatico previsto para o ensino infantil? Isso é muito importante saber, uma vez que o MEC não exige nada até o ensino fundamental. Até lá são apenas sugestões.


Estou rindo agora, pois quem lê meu texto pode estar pensando que fiz tudo isso e que tenho todas as respostas. Ora, pois sim! Bem que eu gostaria de ter lido um blog antes de optar pela escola de meu filho.  Escrevo baseada em meus erros! Meu filho está na segunda escola e a cada dia que passa aprendo mais sobre a ainda rudimentar realidade das escolas bilíngües em nosso pais. As minhas dúvidas e receios é que me motivam a escrever.


A análise na hora da escolha é muito importante, pois além de todos os aspectos que dizem respeito à escola, ainda temos os que dizem respeitos aos nossos filhos. Do momento em que eles se encontram em seu desenvolvimento infantil.  Teremos de lidar com a adaptação à escola, mudança em seus horários, rotina diferente, adaptação do seu sistema imunológico para o convívio diário com outras crianças, dentre inúmeros outros aspectos.
Uma vez adaptado, a mudança de escola, mesmo que possível, é de uma maneira geral, um processo doloroso para a criança. Vale à pena gastar um pouco mais de tempo na hora de optar pela primeira.


Nos textos que seguirão falarei sobre:
1.    O processo de aquisição da linguagem
2.      Os prós e os contras de expormos nossos filhos a um ambiente bilíngüe desde cedo.
3.      A aquisição simultânea de dois idiomas
4.      O que devemos ou não fazer durante esse processo para ajudar em casa.
5.    Relatos das minhas experiências positivas como também as que me preocuparam e ainda preocupam.


Caso alguma mãe precise de ajuda antes dos meus dedos postarem no meu blog tudo o que  meus coração e mente vêm me pedindo para ser falado sobre o assunto, não hesitem em me escrever.

Lana.M

2 comentários:

  1. Triste realidade. Aplaudo seu registro a respeito, Lana. Infelizmente, a lingua inglesa (ou qualquer outra segunda lingua neste pais) ainda eh vista como uma materia a mais, sem dar a ela o seu devido valor dentro do contexto globalizado de interacao em niveis cada vez mais velozes e imediatos. Ou seja, eh "bonitinho", "charmoso" na Net...nao passa muito disso. E os professores de ingles?? Coitados...mal conseguem se expressar (seja por falta de conhecimento da pronuncia adequada, ou lexico insuficiente...ou pior, falta de interesse de ir alem do "Ai lovi iu!"...enfim...so um desabafo. Concordo inteiramente com vc!! Clap clap!

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  2. Lúcia querida, a realidade em São paulo é pior que a daí! Quer vir morar aqui? Tem emprego SOBRANDO para professoras com o voce! O problema é voce aguentar ver muita coisa errada e não falar nada.
    Ai Lúcia, sofro na pele o que comentou! meu filho fala fluentemente e tem sua capacidade de aprender sub-julgada o tempo inteiro. O nível do Inglês das crianças que estao expostas há nove anos de Inglês.. é de sentar e chorar...LAMENTÁVEL! Como falei... Uma nova leva de profissionais terá de ser formada. Cursos de graduação terão de incluir o bilinguismos em seus objetivos, uma vez que poucos dos profissionais do mercado atual estão preparados para essa nova realidade. Mas aguarde, ainda relatarei mais experiências e mais dos meus erros... Como seria bom aprender antes de comete-los pois é do meu filho que estou falando..
    Se quiser postar algo sobre o asssunto aqui.. me manda por email. ficarei muito feliz com a sua contribuição.

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Lana M.